Inglês: domínio do idioma através de um estudo ergonômico

Alcançar resultados satisfatórios através da otimização do estudo, seja o de idiomas ou qualquer outro, é algo que pode ser muito bem-vindo e resolver definitivamente questões de ordem prática, profissional e até pessoal na vida de muitas pessoas.

Há anos uma questão vem acompanhando meus pensamentos: como orientar meus alunos para complementar, em casa, o estudo que fazemos em aula?

Cada pessoa que busca dominar o idioma tem um objetivo diferente – além do propósito pessoal de cada um existem muitas outras variáveis em cada caso. 

Adulto & Criança

O enfoque, neste post, é a busca da equação ideal para um adulto, ou adolescente, interessado em colocar seu próprio empenho para otimizar seu progresso com vistas ao domínio do idioma. Gosto da idéia de trabalhar com o engajamento e interesse voluntário pelo estudo. Não significa que as crianças não possam ter uma rotina organizada que inclua a prática do idioma por vontade própria, muito pelo contrário – observar em uma criança ou pré-adolescente o início do encantamento com o idioma é algo mágico. Neste aspecto há ponderações que merecem ser abordadas num texto a parte. Entendo que a dinâmica de retenção de conteúdo de uma criança é bastante diferente da de um adulto: ambos chegam no mesmo resultado mas, por questões mais psicológicas do que qualquer outra coisa, em geral vão por “caminhos” diferentes. A questão da criança, especialmente as bem pequenas, costuma passar pelo estímulo, acolhimento, apoio e disponibilidade dos pais – antes que se possa pensar em uma equação para estudo diário individual  voluntário de Inglês. 

Variável Tempo-Disponível

A quantidade de tempo de que cada um dispõe é uma questão bem delicada e que precisa ser considerada com carinho se não quisermos que o adulto desista de estudar ou que se perpetue aquela velha máxima “aprender Inglês é só pra quem estuda desde criança”. Creio que o que impede, a título de exemplo, uma mulher adulta, esposa e mãe de família, de tornar-se fluente em Inglês não é uma questão neuro-científica do cérebro adulto, mas questões como prioridade e administração do tempo. 

Também neste item-tempo da equação já teria assunto para um tratado.

Habilidades a Desenvolver

A necessidade de uma “Equação” para estudar Inglês em casa pode parecer bobagem. Afinal, por que não fazer uma simples definição de tempo disponível e horário e sentar, abrir um livro, uma gramática, decorar o “to be”, ou assistir um filme sem legenda?

É preciso considerar que existem quatro habilidades a ser desenvolvidas para que se domine o idioma.

Speaking & Listening:  

Gostaria de poder se comunicar e falar com fluência? Neste caso precisa lapidar mais sua oralidade e audição – “Speaking & Listening”. São habilidades que estão relacionadas entre si. Ambas dizem respeito à sonoridade da língua. Para se comunicar oralmente você vai precisar entender o que alguém lhe diz e vai precisar verbalizar a resposta ou tecer comentários. É preciso praticar sua habilidade com os sons relacionados ao idioma. Inclua na sua rotina, e na sua equação, para o Listening, atividades como ouvir um audiobook (existem excelentes livros disponíveis para os diversos estágios: desde iniciante, intermediário, avançado até livros sobre temas específicos e clássicos no original), assistir um documentário nas suas áreas de interesse (áudio e legendas em inglês, ou sem legenda), ouvir um podcast  (no aplicativo Spotify tem muitos!!!) ou ouvir canções. Monte um esquema que se encaixe em seu tempo disponível, na proporção que você definir. Para o speaking, leia em voz alta um texto (e grave para escutar depois), busque a prática de conversação, cante suas músicas favoritas (não vale cantar só no pensamento). Se você for iniciante-iniciante, lembre-se que nas primeiras vezes que for escutar pode não entender nada, é assim mesmo, não saia da sua equação de estudo, a constância é a chave, o entendimento virá muito antes do que você pensa.

Reading & Writing

Está se preparando para uma prova escrita? Precisa ler e interpretar textos? Monte seu esquema de estudo com mais ênfase em “Reading” e em  “Writing”. Se você precisa do Inglês para uma prova de mestrado, por exemplo, vai precisar dominar estas duas habilidades, que estão diretamente relacionadas entre si. Faça exercícios de prática gramatical por escrito. Há muitas atividades escritas que você pode fazer direcionadas para a prática dos diferentes Tenses. Para adequar seu estudo ao tempo disponível, você pode fazer a lista dos Tenses que precisará estudar e distribui-los em seus dias da semana ou nas semanas do seu mês. Faça exercícios de tradução. Ache textos dos quais você tenha as duas versões: Inglês e Português. Primeiro exercite bastante a tradução Inglês-Português. Corrija e faça anotações. Depois, com os mesmos textos, faça a versão, Inglês-Português. Se o tempo de que você dispõe é breve, trabalhe com parágrafos.

No próximo Post haverá uma lista de atividades, para as 4 Habilidades, que você pode usar para compor sua rotina de estudo.

Criando sua própria Equação/Fórmula de Estudo Ergonômico

Como chegar em uma boa equação para o Homework?

Como visto acima, montar um bom esquema de estudo individual e pessoal de idioma requer auto-observação e certa habilidade matemática. Você vai precisar chegar numa equação que seja ergonômica para você e que inclua materiais de apoio que sejam compatíveis com os temas e assuntos que você gosta (para que sua força de vontade se mantenha inabalável por mais do que 3 ou 4 semanas) e que também lhe permita praticar mais aquelas habilidades nas quais você tem mais dificuldade.

Quem vai estudar Inglês sempre acaba se deparando com um esquema de estudos que envolve horas de leitura/audio/video de materiais que comunicam conteúdos que não são necessariamente interessantes. São textos, artigos, livros com histórias que você não escolheria para ler/assistir se fosse me português. Na minha experiência como professora, quando algum aluno me pede indicação de material, além das apostilas de gramática, eu procuro compartilhar coisas interessantes, mas procuro estimulas a busca de materiais pelo próprio aluno. Costumo sugerir que a pessoa “garimpe” em busca de materiais que tenham a ver com seu perfil. É interessante que você mesmo faça um programa de estudos diário onde você mesmo estipula uma quantidade de tempo que gostaria de dedicar ao estudo/prática.

Antes de começar a desenvolver seu estudo em casa, seja em paralelo às aulas conduzidas por um professor, seja porque decidiu embarcar numa jornada de auto-didata, certifique-se de:

  • Definir quais habilidades você vai desenvolver (tendo em mente que poderá modificar esse aspecto mais adiante e refazer sua fórmula).
  • Definir de maneira realista a quantidade de tempo de que dispõe para estudar.
  • Se seus horários são irregulares e pouco definidos, organize sua fórmula para que possa praticar as habilidades ao longo de um período maior (por exemplo, ao invés de estipular 1 hora diária, você pode registrar 5 horas de estudo por semana, ou 20 horas por mês).
  • Ter um bom sistema de registrar seu estudo e marcar o tempo (no seu planner, agenda ou montar uma tabela que você leva junto como a agenda/planner).
  • Anotar no seu Registro/Tabela todo estudo que fizer. As suas atividades terão duração de tempo variadas. O importante é que no final do período – que pode ser de 1 semana ou de 1 mês, você é quem define – você tenha praticado a porcentagem correta de atividades dentro de cada campo de Habilidade. 
  • Fazer uma lista do que você precisa/gostaria de estudar/ler/assistir, na qual você vai incluindo os materiais interessantes que encontrar ou os que chegarem até você.
  • Exemplo 1

Você dispõe de 2 horas por dia

Precisa desenvolver as 4 Habilidades.

Se você quer, ou precisa, desenvolver as 4 habilidades, uma boa maneira é dedicar 25% deste tempo para cada uma. 

Em 1 dia você poderá assistir um documentário de 1 hora, por exemplo, e ler um texto em voz alta (que pode levar 30 minutos, se for usar a técnica da repetição) e traduzir um ou dois parágrafos de um texto (que pode ser dentro do seu tema favorito).

Se você tem 2 horas por dia e não quer estudar nos finais de semana, você tem 10 horas por semana, e tem cerca de 40 por mês. No final do mês você terá praticado 10 horas de Listening, 10 horas de Speaking, 10 de Reading e 10 de Writing.

  • Exemplo 2:

Você dispõe de 3 horas por semana

Quer se concentrar em desenvolver seu Speaking e seu Listening.

Caso seu objetivo seja desenvolver uma boa comunicação oral, minha sugestão é que você faça uma combinação de “Listening” e “Speaking” (neste caso, faça a mesma quantidade das duas, ou então estude numa proporção de cerca de 70% Listening e 30% Speaking).

Suas 3 horas semanais fazem 12 horas mensais. Escolha as atividades cuja duração se encaixa com os horários das suas outras atividades. Anote tudo no seu Registro/Tabela. No final do Mês você terá praticado 48 horas de Inglês (24 a 33 horas de Listening  e  15 a 24 horas de Speaking).

  • Exemplo 3

Você dispõe de 30 minutos por dia.

Quer estudar também nos finais de semana.

Neste caso, você pode olhar para a quantidade de horas que tem para praticar por mês: 15 horas. Escolha os dias em que poderá assistir a algum vídeo mais longo, ou anote em que altura precisou parar, para então continuar aquela atividade em outro dia, do ponto em que parou.

Coloque em prática!

Estudando e administrando o planejamento das suas demais atividades, você poderá chegar à sua equação pessoal para uma boa rotina de estudo

As fórmulas de estudo podem variar de uma pessoa para outra de formas quase inimagináveis. Se dominar o idioma é uma grande vontade, sonho ou necessidade para você, lembre que sempre existe uma fórmula de estudo que se encaixa na sua realidade prática. 

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